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4:: O Vadio

O veterinário ficou desesperado. Decidiu ir a casa pegar no que pudesse e comprar bilhetes de avião para qualquer país, mas ao mesmo tempo não percebia de onde poderia vir aquela carta, a menos que toda a sua criação dos últimos anos se tivesse tornado real. Também podia ser uma armadilha. Começou a analisar o que se passava fora da clínica, e lá fora estavam vários indivíduos vestidos com um fato azul escuro que tinha uma textura idêntica às escamas de um réptil, para além de um capacete que lhes cobria a cara por completo. O nosso veterinário começou a perceber a gravidade da situação, dirigiu-se de novo para perto do cão que não recuperara e que num suspiro fez com que se escutasse uma única palavra em todo o laboratório, ADEUS, fechando os olhos de seguida. Logo no instante seguinte alto se escutou – Sabemos que te encontras aí dentro. Vamos avançar. Daqui por três segundos avançaremos. 1, 2, 3, aqui vamos! À medida que eles começam a avançar, começa também a trovejar. O primeiro narci a abrir a porta é atingido por um relâmpago, o que poderia ser uma tremenda coincidência, mas a verdade é que o segundo a tentá-lo também sofreu o mesmo. Isto fez com que o resto dos narcis recuasse. O veterinário não percebia o que se passava, até que pensou no que dizia a carta. Tinha-lhe sido garantida alguma protecção. E sem explicação para isso, crescia dentro de si uma enorme crença nas palavras da carta e na existência da VADIA, identidade misteriosa que ele próprio criara nas suas publicações.
Não surgira outra hipótese; o veterinário decidiu testar em si e naquele cão todo o trabalho de pesquisa que tivera feito durante os estudos e a carreira profissional, e que nunca tivera sido feita em animais. O veterinário decidiu fazer um transplante do cérebro trocando o do cão pelo o seu. A sua ideia era assumir o corpo do cão e assim poder escapar sem ser reconhecido pelos narcis. Assim começou a sua operação enquanto aquela misteriosa tempestade o defendia.

Horas passaram-se e a operação corria bem. Faltava apenas uma grande descarga eléctrica sobre a sua cabeça que já não estava no corpo humano mas sim no corpo do cão, e essa descarga não tardou, veio directamente do céu rebentando o telhado e o tecto até atingir a cabeça do homem-cão.
O homem-cão acordou. Um dia inteiro passara, já tinham chegado vários reforços para o deter. O homem-cão derrubou todas as substâncias inflamáveis existentes no laboratório sobre o seu antigo corpo e o resto das provas e pegou-lhes fogo, fugiu pelo telhado separando-se assim por completo da sua antiga figura para sempre. Chegando a um beco onde existiam cães vadios o homem-cão disse – A partir de hoje o meu nome será DocVadio.


再见